terça-feira, 14 de junho de 2016

Frida Kahlo, entre OUTROS.......






Relendo meu segundo texto aqui publicado, o "Corujas", (08/01/2016), lembrei-me de de outras figuras e sons que tem sido (e são), tão usados, cada vez mais, levando a melodia ou a imagem, quase a exaustão, apenas visando lucro, ou o são de forma a cravarem na memória humana, quase como uma "praga", descaracterizando por completo seu contexto histórico, sua ideia inicial, seu ideal, qual a importância dessa figura, ou até mesmo, o verdadeiro motivo pelo qual foi criado...


Pego inicialmente para exemplificar, a imagem já infelizmente quase desgastada da grande artista Frida Kahlo, que se fosse viva nos dias de hoje, excomungaria o modo pelo qual sua imagem é disseminada... Ops, eu falei excomungar? A comunista Frida não "curtiria" essa palavra, que é muito católica para ela... Mas gostaria menos ainda de ver seu rosto estampado em todo e qualquer objeto de consumo, principalmente num cartão de crédito, com a autorização da (argh!) a Frida Kahlo Corporation... Frida era comunista, e contra o capitalismo... Era simples, apaixonada pela vida, fazia de suas dores combustível para seguir em frente, e usava seu sofrimento como fonte de inspiração para suas obras... Tinha tudo para desistir e se entregar as regras da sociedade, e tradições familiares... Mas era uma mulher à frente de seu tempo, e enxergava muito além do que era visível... Captava a alma, e pq não dizer, a áurea, das pessoas, dos sentidos e dos sentimentos, como a grande maioria dos artistas...


Assim também era Ludwig Van Beethoven... Um dos grandes e precoces gênios da música clássica, tão intenso, igualmente apaixonado, mas visto como temperamental, mal – humorado, anti – social, mas ao contrário do que muitos pensavam, ele assim parecia, por ter perdido a audição antes dos 30 anos de idade... Imagine-se nesta situação... Mas o que venho falar sobre este mestre Clássico-Romântico, é sobre a dor no coração que sentia, quando em minha adolescência, os caminhões que vendiam os botijões de gás, nos idos dos anos 90, pois a vinheta que incansavelmente soava aos 4 ventos era o início de Pour Elise... Mais uma grande obra que a meu ver, fora banalizada pela maneira que foi usada e pelo modo como foi explorada... E por ser um trecho curto e que se repetia a exaustão, se fixava numa parte do cérebro específica que nos faz relembrar automaticamente de sons fáceis e cantaroláveis... 



Acredito que se fosse viva, Frida não permitiria que sua imagem fosse tão banalizada, pelo fato que em grande parte, a mesma, não é usada com o propósito de reafirmais suas ideias, mas visar pura e simplesmente o lucro... Quem (ainda) vem na contra–mão desse capitalismo desenfreado é Quino, criador da doce e crítica Mafalda, pois ele (repito “ainda”), detém os direitos de imagem de sua cria, e só permite que a mesma seja usada, DEPENDENDO do propósito... Mas meu medo é, que quando ele se for, fará a família dele, o mesmo que a família de Frida fez com sua imagem?!? Ou manterão, em respeito ao falecido gênio das tirinhas Argentinas ,as mesmas regras para uso das imagens de Mafalda e sua turma?!?!?


Mesmo já com medo da resposta (pois hoje o dinheiro fala sempre mais alto), tenho ainda esperança de que seja respeitada a imagem e os ideais de Mafalda (que lutava contra a sua inserção forçada à sociedade consumista – e que odiava sopa). Imagino que seja importante sempre tentar entender, e manter as raízes dos motivos pelos quais certas músicas, personagens, ou o que pode ter simbolizado para a nossa história, a presença desta ou daquela pessoa, por isso, por mais que não conheçamos a fundo seus ideais, é sempre de bom tom, saber o pq de sua criação e/ou ação, e não deixar, ou aceitar, que seja banalizada a ponto de sua importância, ser apenas o seu preço...


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