Oi, eu
sou Isabel, mas pode me chamar de Isa... Quero contar para você como,
precocemente me “emancipei”, naquela fase que chamam de primeira
infância!!!!!!!
Até
poucos meses antes de meus 2 aninhos, eu “reinava” absoluta em casa, até que
minha mãe me disse que estava esperando um bebê... Ok... Mas o que significaria
isso?!? Será que eu seria substituída?!? O amor de meus pais & avós se
transferiria para este novo membro da família?!? E eu?!? Porque teria que ter
mais alguém na família?!? Seria ele ou ela?!?
Teria lugar para nó 2?!?
Naquela
época, eu frequentava os primeiros anos da Educação Infantil, já falava mais
que minha língua pudesse suportar, tinha a atenção dos meus pais, tios e avós,
praticamente só para mim. Enquanto desbravava um mundo todo novo para mim, mamava
na mamadeira mais de duas vezes ao dia, ainda usava chupetas, mas deixo BEM
claro que apenas para dormir, e estava em pleno processo de desfralde...
Mamãe
contou que fui “encomendada” num lugar lindo, quente, ensolarado, na região
nordeste do Brasil, com muito mar e areia, e que quando EU estava em sua
barriga, sempre fui só alegria... Mesmo nos momentos sofridos de enjoos e dores
musculares, ou quando eu não a deixava dormir, ou comer, ou ainda, nas minhas
“sessões de alongamento” e crises de soluços em plena madrugada... Mas que
apesar de tudo, curtiu mês a mês, cada evolução do meu crescimento... Já com
essa “novidade” foi diferente...
Mesmo
não tendo MUITA consciência do que estava acontecendo, e do estava por vir, vi
que não foi MUITO fácil para a mamãe “suportar" passar por tudo de novo,
pois percebi que a aquela nova vida que estava em seu ventre, aos poucos, além
de crescer, mudava a rotina e o comportamento, não só da mamãe, como também do
papai, e indiretamente dos meus avós e tios... Da minha parte, por um lado eu
me sentia meio perdida, um tanto enciumada, e sem saber o que pensar nem como
agir, confusa mesmo... Mas por outro, eu queria entender o motivo da curiosidade
e expectativa que estava criando para o desfecho desta página da minha
história...
Foi
então que mamãe me falou que quem ela estava esperando era a Laura, e que ela
viria ao mundo, provavelmente, na primeira semana do penúltimo mês do ano de
2013. Mas que não era para eu ficar triste, com medo ou qualquer receio, pois
eu teria uma missão MUITO importante: eu seria promovida, de filha única, a
irmã mais velha, e assim eu teria MUITAS responsabilidades!!!!!!!
Estranhamente, em vez de me sentir mal, eu me senti importante, e mais do que
nunca, peça fundamental para a nossa família que estava crescendo, e, cá para
nós, eu não era mais um bebezinho...
Sem
contar que mamãe estava passando muito mal, visitava muito o hospital, tomou
várias medicações e ficou de licença diversas vezes... E ao final da gestação
parecia que as coisas só pioravam: eu tinha REALMENTE que cuidar da mamãe, para
ela poder me ensinar a cuidar da Laura!!!!!!!
Uma
curiosidade: coincidentemente, segundo conta mamãe, como aconteceu às vésperas
do meu nascimento, o mesmo aconteceu quando Laura resolveu aparecer... Mas
estava TÃO afobada para fazê-lo, que não conseguiu aguardar as corriqueiras 40
semanas, se adiantando em 19 dias para a data-limite de seu nascimento...
Explico:
Quando
resolvi vir ao mundo – por mais que estivesse tudo já esquematizado &
agendado, EU escolhi o meu dia – mamãe havia passado ao que parecia ser a
última consulta na médica que faria o meu parto, para ver se estava TUDO bem,
com ela e, CLARO, comigo. E então, na madrugada seguinte, eis que fui tentar me
esticar, mas como já tinha pouquíssimo espaço disponível para me exercitar,
acho que acabei “furando a bolsa”, ao que deu início a uma sequência de
contrações, e dores, e muita falta de ar...
E assim
(quase) também foi no caso de Laura: a mesma coincidência com a consulta
médica, mas com o diferencial que a aguardávamos para o final da primeira
semana de novembro, e não para a penúltima semana de outubro. Então, juntando
um pouco os fatos: muitos enjoos, mal-estar físico e emocional, incertezas,
inseguranças, momentos de muita dor e tensão, (entre outros momentos nada
agradáveis de internações & licenças), a história finda com seu primeiro
sinal de vida à meia noite, + 3 minutos do dia 22 de outubro, ou seja, mamãe
estava com 37 semanas de gestação... O interessante (acho eu), foi COMO reagi a
tudo isso, principalmente após ter assumido o “cargo” de irmã mais velha, e
posso dizer que foi com grande tranquilidade, e que desde então tenho me
aperfeiçoado mais e mais, e feito jus à tal “nomeação” desta função agora
vitalícia.
Desde
que percebi e fui acompanhando o crescimento da barriga da mamãe, senti que
cada vez mais ela precisava que eu a ajudasse, e assim, comecei meu “estágio de
passagem” de primogênita para irmã mais velha... Mamãe foi me contando como eu
poderia ajuda-la, a cuidar da minha irmãzinha, fosse na alimentação, cuidados
pessoais, soninho, ou o que quer que fosse, como também, em como eu poderia
ensinar a Laura “tudo” o que eu já sabia, sendo além de sua irmã mais velha,
seria uma espécie também de “tutora”, e porque não também, sua protetora, pois
não tinha muita noção, mas já começava a gostar da ideia de ter alguém com quem
compartilhar as brincadeiras, os brinquedos, a cama, os programas de tv, as
músicas, e tudo mais que eu gostava... Comecei a curtir a ideia de NUNCA mais
ficar, nem brincar sozinha, sabendo que teria sempre alguém, além da mamãe, com
quem conversar e contar, para toda e qualquer situação!!!!!!!!!!
Então,
o inicio do desfralde, acompanhado pouco tempo depois pela minha saída do
berço, conquistando minha primeira “cama de mocinha”, foram talvez os pontos
que me fizeram perceber que a coisa estava ficando séria, que me livraria das
“coisas de bebê”, e que REALMENTE seria ”promovida”, pois a minha fase de bebê,
já estava no fim, e eu tinha que aceitar este “upgrade”, e que seria
positivamente importante passar de nível...
Então,
quando aquela noite de consulta médica, toda a família estava reunida na casa
dos meus avós, e mamãe tinha acabado de pedir o início da sua licença
maternidade, eis que Laura resolve também fazer alongamento num lugar já sem
espaço algum, e estoura a tal bolsa, e faz com que a mamãe solte muita água...
Já não tinha sido um dia muito fácil, considerando que naquela semana, minha
irmãzinha estava muito agitada, e dando muito trabalho para a mamãe: ela não
comida direito, mal dormia, tinha muitas dores, e os pontapés do bebê não eram
mais tão prazerosos, mas sim doloridos.
Mamãe
não queria acreditar que o que sentira desde o fim da tarde até o estouro da
bolsa eram contrações de verdade, e sinais mais que claros de que Laura queria
vir ao mundo... Lembro-me de ver mamãe chorando muito, e chamando meu pai e meu
avô, desesperada, pedindo ajuda. Então eu fiquei em casa com minha avó,
enquanto meu pai e meu avô levaram mamãe para o hospital... Não estava nos
planos, mas ela já estava em trabalho de parto – Laura estava mais do que a
caminho – o bebê abriu o caminho para sua chegada...
Enquanto
mamãe fora ao hospital, minha avó me deu banho, janta, preparou meu leitinho da
noite, e me vestiu para ir dormir... Antes disso, ela ligou para minha tia
Mari, perguntando se poderia vir dormir comigo essa noite, pois ela achava que
deveria ir ao hospital, acompanhar meu avô e meu pai, e, CLARO, minha mãe, para
não me deixar sozinha, e a mim, e assim foi...
Toda
aquela movimentação, as mudanças dos últimos meses, os preparativos para a
vinda da minha irmãzinha, e agora mamãe no hospital... Senti que era hora de
firmar minha “demissão” como filha única, e assumir minha nova posição. Eis que
então minha avó me põe na cama, reza comigo, e enfim me pergunta:
___
Isa, você vai querer a sua chupeta agora, ou mais tarde?!?
E de
forma “madura” e firme, respondi:
___Não,
vovó... Não preciso mais da chupeta... Isso é coisa para bebês, e eu agora sou
mocinha – sou a irmã mais velha: Laura é que vai usar a chupeta, pois ela é o
bebê!!!!!!!
E
acreditem se quiserem: desde o dia em que me “graduei” irmã/guardiã/tutora mais
velha, não usei mais a chupeta!!!!!!! E olha que eu tinha mais de três...
Não vou
dizer que foi fácil largar de vez o vício, mas desde aquela manhã de 22 de
outubro de 2013, quando fui, após meu desjejum matinal, conhecer a minha
irmãzinha, percebi que tinha feito a escolha certa. Ali estava o bebê da casa,
aquele ser tão pequeno e frágil, como nem imaginava que um dia já fui também,
que não falava nem andava, totalmente dependente das pessoas mais velhas.
Laura
nunca foi e jamais será um peso ou uma adversária, nem mesmo uma intrusa, mas sim,
é a pessoa que veio para me ensinar, mesmo antes que pudéssemos nos ver, que
crescer é difícil, mas é bom; que deixar certos vícios é duro, mas é
necessário, mas PRINCIPALMENTE, que sozinha eu era feliz, mas com ela, sou
completa!!!!!!!