Estando às portas de completar 2 anos
de união, desde que meu amor veio revirar e completar minha vida, e assim
surgiu num momento tão decisivo que eu já estava descartando a possibilidade de
ter a sorte ou a chance de VERDADEIRAMENTE amar, ser
amada, ter um companheiro + cúmplice + amigo,
enfim, alguém que REALMENTE me apoiasse e que por ele
eu sentisse prazer em fazer o mesmo... Precisava de alguém que não me podasse,
me ouvisse, apoiasse, estimulasse e que me entendesse, ou que pelo menos
tentasse... Que tivesse a disponibilidade de me ouvir, e comigo,
discutisse, argumentasse, sugerisse, DIALOGASSE, e não me
deixasse engolindo mágoas, dores, tristezas, inseguranças, ou mesmo que fossem
vitórias, conquistas ou qualquer coisa positiva e/ou engraçada que tivesse
acontecido ao longo do dia...
Minha cegueira no meu primeiro
relacionamento era tamanha que idealizei um caminho, e acreditei numa doce
ilusão, que mais me fazia chorar, desesperar, entristecer, desistir, e depois
de alguns anos passando, com um pouco de tudo isso se acumulando, eis que
resultou na desilusão completa de mim mesma, de meu potencial como pessoa, mãe,
professora, e o que mais eu idealizasse querer ser, ou alcançar...
De uma menina sensível, aberta ao
conhecimento de tudo que fosse novo, desconhecido, que acrescesse e alimentasse
minha fome de conhecer mais e mais, fosse da minha área ou não, mas aberta como
uma criança a conhecer minuto a minuto o mundo... Eu, que sempre gostei de
conhecer outras pessoas, culturas, e tudo mais que fosse novo e diferente... Um
alguém que, mesmo com alguns “fantasmas pessoais”, acreditava que
tal companhia me faria superar, ou pelo menos, ajudasse a lidar com tais
obstáculos internos, me lançando a outros, estimulando a cumprir metas,
realizar desejos... Mas, ao contrário, o que aconteceu, foi que ao fim de uma
árdua caminhada de quase 13 anos, o que ganhei, foi o
aumento drástico da mina baixa-auto-estima (“entidade” que me
acompanha desde que EU tinha meus ternos 13 anos),
que tomou tal proporção, que com ela vieram, além de uma total descrença em mim
mesma, não tinha vontade de me olhar no espelho, alimentar, cuidar, e fui me
afundando num desânimo, descaso interno e externo, que só não me afundei por
completo, pois tive meus pais sempre em meu encalço, que à sua maneira,
tentavam não me deixar cair mais, sem contar de alguns colegas de trabalho, que
tiveram uma infinita paciência de me ouvir chorar e lamuriar... Mas as 2 maiores
razões as quais não me entreguei por completo, saíram de dentro de mim, e era POR
ELAS que tive de buscar, nem que fosse uma nesga diária de força,
que fosse sobrenatural, não importava, para ao menos seguir na inércia do
dia-a-dia...
E assim, me fixei total e completamente
numa rotina MEGA marcada, horário-a-horário, sem muitas
chances de mudanças, pois assim, eu não pensava muito, e me deixava levar
apenas pelos afazeres, levantando da cama (ou do sofá ou da rede, onde eu enfim
me entregasse aos braços de Morpheus), de madrugada, e indo
tentar descansar já na calada, e (MUITO) tarde da noite, e
tentava todo tipo de fuga de me relacionar, conversar, trocar ideias, pois
tinha em mente que nada mais tinha tanta importância, ainda mais vindo de mim,
e que eu já tinha chegado ao meu destino, e nada mais mudaria... E com tudo
isso, eu “sobre-vivia” para que simplesmente os dias passassem e
a escuridão me envolvesse o quanto antes, pois meu único e contínuo desejo era
ficar invisível, imóvel, encolhida quase de forma fetal, no breu silencioso de
um canto qualquer da cama a que chamava de minha...
Mas nada como alguns dias com suas
filhas e seus pais, fora não só da SUA rotina, como
também do seu ambiente cotidiano, e foi voltando do litoral que busquei renovar
a mim interna e externamente, pois os dias que lá passei, além de muito chorar,
refletir e revisar muitos acontecimentos, valores, e tudo mais que até então
estavam mais me despedaçando, do que fazendo-me renovar e ver o quão eu podia
(e devia) reagir e mudar... Foi então que entrei numa fase de RE-descobertas
do que eu era e do que poderia vir a ser, me RE-abrindo
tanto para o que já fazia, sentia, buscava, e me PERMITINDO reavaliar
e PORQUE NÃO, enfim, mudar...Mas agora, PURA & SIMPLESMENTE pensando
no que tal ato, pensamento, ou qualquer decisão que viria a tomar, poderia resultar,
e que o que quer que viesse, se revertesse POSITIVAMENTE para
meu renascimento, e que tal carga positiva se refletisse nos olhos de minhas 2 preciosidades...
E foi quando percebi, pouco a pouco o quanto era capaz de (mesmo ainda
mantendo uma rotina marcada), ser, mesmo que esporadicamente, flexível,
para o bem do clima em casa, ainda mais quando o resto do dia ainda parecia
longo e fatídico... E vagarosamente, fui RE-permitndo me Re-inventar + buscar + arriscar + abrir,
e seguindo assim, foi que FINALMENTE, senti que algo tinha
feito de certo, pois eis que meio “sem-querer”, enfim conheci o
cavaleiro de armadura prateada e reluzente que só fez e me FAZ incansavelmente
& verdadeiramente BEM!!!!!!! Mas um bem tão IMENSO,
que transborda-me de confiança, amor, afeto, carinho, companheirismo,
compreensão, cumplicidade, respeito, honestidade, e tudo mais que já não
imaginava encontrar em alguém, PRINCIPALMENTE, que
escolhesse ficar ao meu lado...
E é em seu coração que pretendo para o
resto de meus dias me aninhar, pois é único e surpreendente seu modo de comigo
lidar... TUDO o que sempre busquei em alguém, ou
imaginei que fosse possível mostrar que tais atos e pensamentos eram melhores
para um bom e duradouro relacionamento, sem sucesso, pois já estava crente que
já isso havia “caído em desuso”, quase como “num passe de
mágica”, me mostrou que é possível, e está AGORA ao
me lado, para o que der e vier, não como um simples cônjuge, mas como um ser completo,
que me instiga, estimula, ouve, dialoga, discute (no sentido de troca de
saberes e curiosidades), cuida, etc...
É com ele que quero prosseguir no trato
de meus traumas, mágoas, medos, angústias, sempre aprendendo a lidar,
exorcizar, enterrar tudo o que me for nocivo, seja interna ou externamente,
numa busca diária e incansável de voltar a me olhar no espelho sem medo, e além
de valorizar quem e o que sou, e tudo mais o que tenho, tanto em casa ou
profissionalmente, e na rotina (agora nem tanto marcada), e não mais enterrar,
mas fazer renascer sonhos, alcançar metas & objetivos, e NUNCA mais
me diminuir diante de NADA NEM NINGUÉM...
Sei apenas que sou HUMANA,
e me sabendo nessa frágil condição, sei que não sou superior, muito menos
inferior a nenhum outro da minha mesma espécie, e assim sendo, não mais
aceitarei míseras migalhas de nada nem ninguém, e sei que sou passível de
constantes mudanças, ainda mais se as mesmas forem para um bem-estar PRIMEIRAMENTE interior,
para que este reflita em meu exterior e que então se reflita e irradie a minha
volta contagiando a tudo e a todos, e mostrando que mudanças são complexas,
difíceis, mas NUNCA impossíveis, além de muitas vezes
necessárias, para que não mais nos deixemos levar pela mesmice que tanto nos maltrata...
Sair da “ZONA DE CONFORTO” é desconfortavelmente estranho, mas
como temos o dom do livre arbítrio e a capacidade de nos acostumarmos a
mudanças por mais DIFÍCEIS sejam, não podemos aceitar
menos do que o “cara lá de cima” nos deu, que é, ANTES DE TUDO,
o dom da vida, para que com ela possamos honrar TODO o
potencial que nos foi creditado...
Não sei se realizarei TODOS os
sonhos e desejos que por TANTO tempo guardei, por conta
de “N” motivos, mesmo que passageiros, Só sei que alguns gostos JÁ retomei,
e sobre outras curiosidades me lancei... E assim pretendo seguir,
principalmente me sabendo capaz de buscar + e + e AINDA que
velhos fantasmas me venham “visitar” de surpresa, sei que posso
me arriscar a sair do meu “comodismo”, e me lançar em novos
mundos, pois tenho meu “porto-seguro”, minha “âncora”,
meu “oásis”, meu aconchego... Enfim, tendo esta LUZ a
me guiar e estimular, sei que não mais estarei vagando sozinha, e confiante,
sei que podemos JUNTOS ir muito além...